domingo, 4 de janeiro de 2009

Fechamos as portas

Foi há uns quatro meses, quando os ventos sopraram em direções contrárias. Eu tive que empacotar minhas coisas e voltar a São Paulo depois de cinco anos vivendo em Brasília. Vim sozinho, primeiro. Dois meses depois, mulher, filho e violões chegaram com a mudança.

O Paulo Casamarela esteve aqui de visita, no Natal. Não trouxe nenhuma percussão. Não tocamos nada. Compramos discos velhos de vinil na Praça Benedito Calixto. Falamos da velha banda.

O Cauê Menezes me mandou de volta discos e alguns outros objetos emprestados. Também mandou dois emails, desde então. Tenho duas ou três músicas que gravamos juntos. Nas minhas primeiras semanas em São Paulo, tomava três ônibus para ir ao trabalho. Ia ouvindo nossos Blues no ipod.

Do Sames, nada. É como um espírito que se esvai, como fumaça. Baixão, nem isso. Araña e Maquena sumiram antes.

Só o Blues segue aqui por perto. Esse não parte nunca. Ainda mais numa cidade com tantas esquinas. Qualquer dia dobro uma delas e encontro alguém tão perdido quanto eu. Aí, procuro de novo um velho caixote, sento nele, arranho três acordes e deixo o Blues vazar seus lamentos novamente em praça pública, por um punhado de moedas. E algo mais. Sempre tem algo mais nisso tudo ...

4 comentários:

spiderlucasssss disse...

po cara!

fala isso naum, é uma pena q vc tenha se mudado, mas esse projeto era divertido de mais pra acabar.

ontem fui assistir o Sames, eu ia dar palhinha numa música aí fui abri a boca pra falar q tava com gaita q ele me fez tocar o resto da noite heheheheheheehehe foi bom pra caramba. e uma noite já foi suficiente pra animar o projeto de novo. só estamos esperando a chuva parar por um tempo e voltaremos lá. passa pra mim o blog que eu posso atualizá-lo qdo rolar de novo. e ficamos no aguardo de ter a sua presença por aki de novo, vc fará mta falta.

Grande Abraço!

JP Charleaux disse...

Caramba, Araña. Faz uma semana que eu tento entrar aqui pra comentar seu comentário! Tinha esquecido a senha! Agora já está tudo sob controle. Bom saber de vcs. Abs.

Lisa disse...

Toda vez que me preciso me mudar sempre escuto a mesma música. Não na vitrola, não em equipamentos digitais: ela me sobe aos ouvidos junto com a sensação desencadeada pela partida.

É um blues da década de 60, da banda Rolling Stones, com um sugestivo nome: No Expectations. Acredito que você conheça o original ou algum cover. Johnny Cash e Joan Baez já deram suas interpretações à canção.

Ligações inexplicáveis essas que nos fazem associar um determinado som a um sentimento específico. A letra não é totalmente fiel, porém, os acordes, o lamento, a entonação dada as palavras, tudo, faz dessa música a trilha da partida. Acredito que eu também vou sair de Brasília algum dia ouvindo ela.

Espero que não pares de escrever, não me refiro aos jornais e outras mídias, é claro. Me refiro ao blog - esse espaço fantástico de expressão artística desburocratizado!

Minhas lembranças à sua família e um grande abraço!

Lisa Evaldt

JP Charleaux disse...

Lisa,

Take me to the station
And put me on a train ...

É isso aí. Estou por aqui, pensando em aonde ir depois. Uma livraria não estaria mal. Ando sonhando com isso. Com o acervo que tenho em casa, poderia abrir um belo sebo. Depois, chá das 5h, vitrola tocando, um cãozinho dormindo na soleira, flores e eu, com minha alma idosa, finalmente descansado de ser alguém na vida, rendido à existência dita útil e, quem sabe, feliz.